VOZ AMERICANA

Se surge um grito anunciando a polvadeira
Esgarça o peito, o horizonte se arrepia
O gado ouve e segue o rumo da mangueira
A minha voz vai temperando a ventania!

Se a lavoura se perdeu e não deu lucro
Se a solidão já tomou conta da campanha
Vou entoar mais uma vez meu canto xucro
Para espantar o mau-olhado que se assanha!

É serenata, é payada e é rodeio
Pelos confins desta saudade caborteira
A minha voz americana não tem freio
Cavalga sonhos campo afora sem fronteira!

Se o poder segue infestado de caudilhos
E a injustiça cobre a lida do campeiro
Nessa peleia tão antiga não me humilho
A minha voz canta igualdade por inteiro
S
E dou de mão num ideário esmorecido
Na pampa triste, campereada e agonia
Se por ventura o que é de todos for vendido
Solto no tempo outra aporreada cantoria!

Nenhum comentário:

Postar um comentário