Era um domingo. Sai da frente do PC e subi a Dr. Monteiro até a casa do meu amigo Jelson. Deixei a redação do jornal e saí pensando sobre a importância da informática para as novas gerações e sobre as formas como o lirismo reagiria a toda essa simplificação de comportamentos. Não havia ninguém na rua, caminhei viajando entre pensamentos sobre a confusa relação da rapidez, que a Era Digital proporciona para as pessoas, com a necessidade de tempo que elas precisam para gerar seus sentimentos. Um cotidiano mais dinâmico resulta em relações mais vagas, pois sentimentos como amor, amizade e paixão precisam de tempo livre para se desenvolver e se manifestar de forma plena e satisfatória. Bom, o fato é que durante essa caminhada, enquanto transitava idéias mente entre o “Windows” (que em inglês significa “janelas”) e as janelas da Dr. Monteiro, comecei a cantarolar uma melodia. Foi nesse dia que nasceu a canção “Na janela”, uma das poucas que compus andando pela rua. Resultado daqueles raros momentos de inspiração compulsiva que a gente vive torcendo para que se repitam. A letra veio toda de uma só vez e logo vi que a música se tratava de um baião (com influências óbvias da milonga sulista). Mais tarde, analisando com calma, percebi o quanto as janelas são importantes e desempenham um papel essencial em nossas vidas. Todo dia, quando estamos ao computador, abrimos várias janelas ao mesmo tempo (MSN, e-mail, orkut, programas para trabalhar, etc.). O próprio monitor, por si só, é uma janela capaz de nos conectar com o mundo inteiro (daí o nome windows, dããã). Tudo isso representa uma rapidez de comunicação incrível e que a grande maioria das pessoas ainda não conseguiu compreender e nem sequer acompanhar. Por outro lado, veja a importância da janela (a própria) no romantismo e no universo artístico em geral. É na janela que surgem as serenatas. Quando a mulher pode observar seu amado cantando e se declarando através da janela, enquanto o apaixonado (que está na rua, louco para entrar) pode admirar a beleza de sua amada tendo como moldura as dimensões da janela. Nesse caso a janela funciona, simultaneamente, como um palco para música de um lado, e como tela (pintura), se vista pelo lado oposto. É pelas janelas que a luz do sol e o ar entram em nossos lares e também por onde podemos observar a vida lá fora sem ter que atravessar a porta. Veneziana, persianas, basculantes, etc. Não importa. As janelas são, ao mesmo tempo, a nossa fuga e a nossa proteção, o nosso esconderijo e o nosso elo com o mundo, a nossa fortaleza e o nosso ponto fraco. Existe um dito popular que afirma: “Quando Deus nos fecha uma porta, sempre nos abre uma janela!” Portanto, é fundamental que consigamos encontrar nossas janelas ao longo da vida e perceber o quanto é lindo abrir a janela e abrir o coração!
Publicado em 28 de novembro de 2008.
Publicado em 28 de novembro de 2008.
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