Sei que algumas pessoas não irão acreditar no que vou revelar Por Aqui, mas garanto que não existe nada além da verdade. Tudo aconteceu numa manhã deste carnaval, após uma noite de intensa chuva, o céu estava nublado, eu levantei, de ressaca ainda, e fui caminhando rumo à redação do jornal quando... Avistei a Lair Correa enfurecida com um machado na mão cortando todas as árvores da Mário Maciel Costa. Achei a cena curiosa e resolvi perguntar por que ela estava fazendo aquilo, então fui interrompido por gritos desesperados de cães do outro lado da rua. Notei que se tratava da Eliana Lúcio que estava espancando um pequeno poodle sem dó nem piedade com um pedaço de madeira cheio de pregos. Ainda perplexo com tudo aquilo, decidi seguir em direção ao jornal sem fazer perguntas. Eis que quando dobrei na Visconde de Mauá surgiu o Raul Cristh saindo de casa com uma bandeira enorme do MST e gritando: “-O povo unido, jamais será vencido!” No ponto de táxi da rodoviária os taxistas estavam todos juntos jogando cartas e dando gargalhadas, num exemplo de rara descontração e fraternidade. Na esquina a caminhonete do Paulinho Freitas, estacionada, carregava um adesivo no pára-choque onde se lia “Lula 2010, o Presidente da orizicultura!” Não havia mais dúvida, algo muito estranho estava acontecendo naquela manhã. Fui até a Dr. Monteiro onde encontrei meu primo Caboclo distribuindo panfletos dos “Alcoólicos anônimos”, ele me informou que tinha se convertido e estava com casamento marcado, também me deu um sermão sobre os efeitos maléficos do álcool e me convidou para ser padrinho de seu casamento na igreja. Antes que eu pudesse responder a Maninha me gritou do outro lado da rua, notei então que ela estava usando uma camiseta vermelha da AMT (Ação da Mulher Trabalhista, aquelas que os governistas distribuíam para as eleitoras, de graça, no ano passado). A Maninha gritava “-Viva a São Gabriel!” Fiquei sem entender nada e quando olhei para o meio da rua vinha o Ronaldo do bar, abraçado no Zezinho, e os dois enrolados numa bandeira do Grêmio gritando “-Dá-lhe tricolor gaúcho!” Não consegui mais esconder minha agonia e corri pela Dr. Monteiro em direção ao arroio. Quando passei pela Câmara avistei o Id amarrando os cabelos e o Celerino penteando a franja na frente do espelho, da porta da biblioteca a Marília, extremamente bem humorada, me gritou “-Oi meu amigo, que prazer te ver! Está um lindo dia hoje né?” Eu já estava quase na frente do Bicão da Fátima quando um lindo carrão deu uma freada brusca do meu lado e abriu o vidro. Era o Dr. Ronaldo Cardozo, que sorridente me disse: “-E aí Sid, quanto tempo tchê?! Vamos dar uma volta, tomar um chimarrão e trocar umas ideias?” Olhei em volta e não avistei nenhum segurança da prefeitura. Claro que fiquei desconfiado, mas como nem o Santa estava por perto, imaginei que eu não correria perigo e embarquei no carro. O Ronaldo, com uma expressão de simpatia ligou o rádio do carro e escutei um barulho ensurdecedor. Parecia uma sirene, que rasgava os meus ouvidos. Vi que ele estava dizendo alguma coisa, mas eu não conseguia ouvir nada, apenas aquela barulheira infernal. Demorei alguns minutos para perceber finalmente que se tratava do meu despertador. Pulei da cama completamente banhado em suor e decidi de uma vez por todas, nunca mais misturo cerveja com vodka antes de ir dormir. Nem mesmo no carnaval!
Publicado em 27 de fevereiro de 2009.
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