
Ainda passeiam na minha memória o velho Lauro (o mesmo que inspirou a milonga gravada por Sandro Campello) fritando bolos e tortas num fogão à lenha. O Ramão Bom domando cavalos, enquanto o Seu Laci esquilava numa rapidez impressionante. O Quico, a Mariazinha (in memoriun) e o seu filho (na época, pequenino) Carlinhos, volta e meia, apareciam para bater um papo e tomar um chimarrão. Tinha ainda o Nitinho, o Xaxá, o Argeu e o Aldirinho (que, vez em quando, trazia um pandeiro e... Bem, o resultado era muito barulho).
Lembro também de estar chutando uma bola na beira do galpão, enquanto minha tia, o Eldi e o Cláudio Bretanha (que me ensinou a dirigir num Fiat 147) falavam sobre a criação de um novo piquete em Arroio Grande. Minha tia Aldeide sorria empolgada com o nome do futuro piquete que se chamaria “Figueirinha”.
Foi minha tia Aldeide que me presenteou com o primeiro violão. Em seguida ela descobriu um nódulo no seio e o desfecho dessa história acabou sendo bastante triste. Ela veio a falecer exatamente no Natal, numa madrugada de 24 de dezembro (o mesmo dia que passávamos todos juntos). Tia Aldeide também nunca me viu tocar uma música sequer. O tempo não nos permitiu um momento dessa natureza.
Nunca mais coloquei os pés na Figueirinha depois disso (residência que hoje pertence ao Arnóbio) e nem pretendo. Prefiro guardar essas lembranças felizes e não deixar desmoronar o universo de sonhos de minha infância que me inspira até hoje (inclusive para escrever essa coluna). Durante muitos anos os natais não tiveram graça alguma, voltei a “encarar” o Papai Noel de frente só mesmo depois que minha primeira filha (Olga) nasceu. Porém, sem jamais deixar de sentir saudade dos natais na Figueirinha. O bom é que o tempo realmente cura todos os males e hoje consigo relatar esse tempo maravilhoso sem sentir vontade de chorar. O que considero um verdadeiro milagre natalino. Afinal, embora muitos não acreditem, milagres existem sim! Feliz Natal a todos!
Publicado em 24 de dezembro de 2008.
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