ÚLTIMA RODADA... VALENDO!

Um evento que entrou de vez para nossa cultura foi o tal de “bingo”. O bingo é definido pela língua portuguesa como sendo um jogo de azar em que se empregam cartões numerados e pequenos círculos que se tiram à sorte e se vão colocando nos respectivos inscritos nos cartões. Apesar de não simpatizar com o jogo, respeito quem joga e tenho aprendido a valorizar sua importância para a integração social da nossa comunidade. É incrível o que se vê pelas ruas nos domingos que têm bingo. As pessoas atravessam a cidade carregando cadeiras de praia sob um sol de 30° ou até mesmo debaixo de chuva. Tudo pelo prazer de “jogar”. Depois ficam todas aglomeradas, interagindo em algum local (praça, ginásio, campo de futebol, etc.) à espera da hora que alguém vai gritar: “-Bingooooo!” O jogo também gera renda para vendedores ambulantes, taxistas, gráficas, etc. Criando um verdadeiro “micro-mercado-interno” que se move economicamente conforme a frequência dos eventos. Isso que estamos falando apenas dos “bingos a céu aberto”, sem contar os que acontecem em locais particulares todo dia. O jogo se popularizou tanto que praticamente todas as entidades acabaram se rendendo a ele, inclusive as religiosas. Nunca vou esquecer um fato, que me aconteceu cerca de 8 anos atrás, quando uma irmã tentou me vender uma cartela para o “Bingo da Padroeira”. Era uma senhora sorridente e muito carismática, mas como além de não gostar de jogar também sou um debochado assumido, não resisti uma brincadeira com a freira. Estávamos no playground da Praça Maneca Maciel e, após receber a sedutora oferta de uma cartela para ajudar a paróquia, não me contive e soltei: “-Puxa irmã, eu adoraria comprar uma cartela, mas minha religião não aconselha jogos de azar, acho até que isso é pecado!” A coitada ficou vermelha, gaguejou, depois deu um sorriso simpático (como se já fôssemos cúmplices naquele pequeno delito), me piscou o olho e disse: “Ah, mas que mal tem? Deus não se incomoda com a diversão!” Confesso que quase comprei a cartela, na verdade acho até que comprei e dei para alguém, não lembro direito. O fato é que os bingos estão aí, integrados de vez ao nosso cotidiano, com apoio popular, consentimento das autoridades e a bênção de Deus.
Saudades do amigo Osca, que com seu jeito simples e não menos debochado, quando estava cantando bingos volta e meia anunciava um “bicho” (fazendo referência clara ao Jogo do Bicho). “-É ele! O Cachorro! O zero e o cinco, é o cinco do cachorro!” Todo mundo ria e alguns até esqueciam de marcar em suas cartelas. Não pretendo criar polêmica nenhuma com esse texto (não desta vez, por incrível que possa parecer), apenas fazer um breve comentário sobre um hábito de nossa cidade que não parece ser comum a grande maioria dos municípios de mesmo porte. Gente! Vamos ser francos, o pessoal Por Aqui curti demais um joguinho! Vejam a incrível organização dos nossos jogadores de truco, por exemplo, que são reconhecidos por toda a região. E os jogadores de Canastra (também bastante religiosos). E os campeonatos de Play 2 (já tivemos até uma Liga Municipal). E ultimamente até de xadrez. Sem contar as tantas mesas de sinuca espalhadas pela cidade, as filas gigantescas em frente à loteria (todos sonhando em repetir os feitos do Sandro Cunha) e os, ainda clandestinos, “Jogo do Bicho e Caça-níqueis”. Acho que tudo já começa com as bolinhas de gude (que ainda existem) nas escolas e os tantos joguinhos de celular, que hoje todo mundo tem. Tudo isso me faz ter a plena certeza que o primeiro maluco que abrir um cassino Por Aqui, com direito a roleta e tudo mais, vai mesmo ficar rico. O que? Vocês acham que não? Quer apostar? Só jogo se for dinheiro casado! Quanto vale? Quanto?
Publicado em 06 de fevereiro de 2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário