O time de futsal tinha a seguinte escalação: Hibanes no gol, Léo como fixo, Valder na ala esquerda, Beto na ala direita e eu como pivô. Não precisa dizer que não ganhávamos nunca. Ou quase nunca. Algumas vezes vencemos o time do “Zé do Ladislau”, por incrível que pareça, mas isso é outra história. Também tivemos a cara de pau de enfrentar o time oficial da AABB uma vez. Claro que levamos uma goleada, mas não lembro do placar. Paramos de contar quando eles marcaram o 30° gol, afinal ainda faltava meia hora para acabar a partida. É, não dá para negar que nossa habilidade com o copo (depois dos jogos e pela madrugada afora) era bem melhor do que com a bola no pé. E esse time se dispersou. O goleiro se transformou no Dr. Hibanes, é padrinho de minha filha Olga e avança cada vez mais seus conhecimentos na área de cardiologia. O Valder Valeirão tornou-se um dos melhores designers gráficos da região e do estado. O Beto (Alberto Brum) é hoje um respeitado enfermeiro em Pelotas e eu permaneço Por Aqui, fazendo minhas canções, incomodando os poderosos, colecionando alguns processos e dividindo alegrias e angústias com os leitores que ainda têm paciência de me acompanhar. Mas hoje não quero falar sobre esse time de amigos, pois nossas aventuras futebolísticas (e fora das quadras) dariam muitas outras crônicas. Quero falar especificamente do nosso fixo. O “Leocádio” ou “Lingote” ou “Cabo Libório” ou simplesmente Léo. O caçula da equipe. Alegre, tão debochado quanto eu (difícil acreditar né?), companheiro e extremamente afetuoso com os amigos. Durante um tempo viajávamos diariamente para Pelotas no “ônibus dos estudantes” e foi a época onde nosso convívio foi mais intenso. Lembro como se fosse ontem daquele guri, com cerca de 15 anos, chegando na parada com os cabelos longos molhados, um sobretudo preto, botinas castigadas e, ao invés de mochila, uma maleta (estilo vendedor). Sempre sorridente e disposto a aprontar qualquer molecagem que fosse proposta. Pois esse menino que teve boa parte de seus valores moldados pela “irmãe” e professora Lenice, inventou de fazer a maior de suas molecagens com os amigos e os familiares na última semana. Despediu-se da turma num bar em Guaíba, subiu em sua moto Yamaha 600 cilindradas (um sonho antigo dele) e partiu. Partiu para bem longe, deixando muita dor e saudade em todos que tiveram a oportunidade conhecê-lo. Quando saiu de Arroio Grande recentemente ainda deixou um bilhete para o vizinho Edson Vidal encerrando com a frase “viva a vida!” Esse era o Léo, o legítimo sinônimo da palavra VIDA. Alguém que jamais deixaria de tomar um banho de arroio para ficar navegando no orkut. Um cara que saboreava a existência intensamente. Com ele tudo era mais rápido. Tornou-se adulto mais cedo. Bastavam umas duas doses de whisky e já estava rindo à toa. Bastava apertar-lhe a mão para ganhar um amigo sincero, fiel e carinhoso. Quando pessoas com esse perfil nos deixam, também deixam um enorme vazio nesse mundo tão repleto de crueldades e injustiças. Um vazio indescritível, onde habita apenas a tristeza; e a saudade revela o seu lado mais perverso. Foi esse vazio que me preencheu (e a tantas outras pessoas) quando atravessei a infeliz experiência de participar do primeiro funeral de um grande amigo. O menino-leão que, teimoso, “furou a fila” e deve estar nos esperando em algum lugar. Mas esse vazio ainda haverá de amenizar. Ficam os versos de Caetano Veloso; na canção “Leãozinho”, que sempre me fez lembrar do Léo. “...para desentristecer leãozinho, o meu coração tão só, basta eu encontrar você no caminho...” Até breve meu amigo!
Publicado em 1º de maio de 2009.
Publicado em 1º de maio de 2009.
Quando nasci minha mãe tinha uma filha de 11 anos e meu pai uma filha de 5 anos, cresci tendo duas irmãs e sendo o único filho homem... não tive irmão de sangue. Cresci com poucos amigos e sempre muito só. Sentia falta de um irmão para brincar, mas não tinha.
ResponderExcluirEm março de 1992, quando tinha 18 anos, morava em arroio grande e começava meus estudos em pelotas, na época nem sabia o que queria estudar. Foi no primeiro dia que cheguei na parada do ônibus e encontrei um garoto de 14 anos, cabelo molhado, pasta de executivo na mão que me falou que estudava mecânica na antiga ETFPel... e foi logo me dizendo que era irmão da lenice, que eu nem sabia quem era... Esse garoto era o Léo, o léozinho.
Depois junto com o beto, hibanes e sidney criamos um grupo que era meio irmandade... todos eram amigos e pessoas que até hoje admiro, respeito e amo pra caramba. Mas uma dessas figuras era especialmente querido... e, a pesar de todos serem como meus irmãos, essa figura especial foi o irmão mais novo com quem eu podia finalmente brincar.
uma coisa a parte foi que nesse meio tempo o léo perdeu a mãe dele, foi uma barra e por conta disso nos aproximamos muito... eu louco por música, literatura e arte dividia isso com o léo e ele logo sacava tudo. Fomos ficando mais e mais amigos e irmão.
O tempo foi passando e cada um foi pra um lado tocar a vida... O hibanes fazendo medicina, o beto enfermagem, o sidney comunicação e, eu que não sabia o que queria da vida estava na mais profunda ociosidade em arroio grande. O léo me disse um dia "por que tu não faz a Escola, derrepente tu curte" e lá fui eu para o curso de desenho industrial. Se hoje sou designer e feliz com o que faço, devo isso ao léo e suas folhas de desenho A4 do curso de mecânica.
Nesse momento viajávamos todos os dias de carona para pelotas, discutíamos todas as coisas, filosofávamos sobre a vida e quando voltávamos, na madrugada, para arroio grande ainda saíamos pra rua em busca de mais filosofia, música e poesia.
O léo lia fernando pessoa e me dizia que tava encantado com o cara... a gente ia pra beira do arroio ver o por do sol e falar da vida... a vida que poderia ser eterna, que nunca teria fim.
o tempo passou, nos distanciamos. Eu casei, vim morar em pelotas. O léo foi trabalhar em guaiba e de lá para cá passaram quase 10 anos. Nesses 10 anos vi o léo poucas vezes, mas sempre soube que o mei irmão tava lá, que tava bem, que evoluia como ser humano cotidianamente.
Pois é, o meu irmão mais novo partiu para uma outra aventura... sei que a vida continua e que em algum lugar ele tá ouvindo música, lendo poesia e certamente rindo muito.
Eu queria escrever algo que podesse chegar até ele, tenho rezado e enviado boas energias pra ele. Gostaria de escrever um poema falando do afeto que sinto por ele, mas a dor silencia qualquer inspiração.
O sidney mandou o link do blog e eu posto esse texto como forma de dizer que amo profundamente o léo, e que não importa onde esle esteja agora, sei que ainda vamos brincar e falar da vida.
Léo, meu irmão querido e amado, uma parte de miom embarcas contigo nessa nova viagem que a carona da vida te levou. Meu irmão onde estiveres, viva a vida!
Bah SID, TAMBÉM ME INVADIU A TRISTEZA QUANDO SOUBE DA PARTIDA DO LÉOZINHO, COMO EU E AS GURIAS GOSTÁVAMOS DE CHAMÁ-LO. AMIGO DE INFÂNCIA ,HUMILDE, AMIGO, EDUCADO QUERIDO PORÉM SEMPRE COM AKELA CARA DE DEBOCHE...HEHEHE PRA ELE TUDO ESTAVA BOM...EHEHE MUITO FOFO,LINDO E COM CARA DE VIDA...
ResponderExcluirAINDA CHÓRO ESCREVENDO ESTE COMENTÁRIO SEM ENTENDER PORQ ESSE TIPO DE COISA ACONTECERIA COM ALGUÉM COMO O LÉO...??? bEIJO LÉOZINHO!!!
Conhecí o Léo através do Valder, que era o meu namorado na época em que eu frequentava o Arroio Grande.Eu ia para lá para namorar, mas onde estava o Valder, estava o Léo.E o guri era realmente muito especial.Simpatizei imediatamente com ele, com o seu sorriso, com o jeito simples,com o rosto carinhoso.E com o passar do tempo, mesmo não tendo amizade a não ser através do Valder, sempre senti muito carinho por ele.Que me desculpem os outros amigos do Valder, mas o Léo sempre foi o meu preferido.
ResponderExcluirDava vontade de cuidar dele, parecia tão carente.Mas não tirava aquele sorriso do rosto.
Bem Léo, assim como todos que te conheceram, fico muito triste pela tua partida pois sei que tu deixou um vazio na vida dos que te amam.
Mas acredito que tu estás num lugar muito melhor do que aqui, e com tua mãezinha do teu lado.
Então só posso te desejar que nessa nova fase da tua vida, sejas muito feliz e que descanse deste mundo louco e perverso que ficou pra trás.Sei que estás recebendo todo esse carinho, de alguma maneira, então, um abraço bem apertado e cheio de admiração.
Este texto é muiiito lindo, só me resta dar os parabéns, apesar de ser triste escrever sobre esse assunto... Vou indo, Abraço
ResponderExcluirT.D.
Lindo texto Sid, realment é uma pena q "os bons morrem jovens..."
ResponderExcluirAbraço, Miguel